Refúgio

Ele se adianta e não consegue fugir.

Está
cansado
da
fuga.

Não sabe dizer quando parou de cair.

Será
mesmo
que
parou?

É que quando você passa muito tempo no chão corre o risco de se esquecer da diferença entre os patamares e os ângulos e todas essas perspectivas.

Ele
revolve
para
dentro
.

Há muito o que olhar. Às vezes sente como se a realidade alheia fosse irreal se comparada com a sua. De quando em quando, observa-se, contempla-se e se permite ficar em seu próprio quarto. O ambiente se torna o Universo e ele se torna o Deus daquele mundo tão particular.

Ele
pensa
melhor
sem camisa.

Assim tira a camiseta primeiro e a joga no chão. Colocá-la no cesto de roupas sujas é algo que pode esperar. Agora bebe água, cerveja, chá, suco e faz do ato de ingerir qualquer líquido uma distração. Distração para quê? Distração do quê?

Ele
pensa
em voz alta
Às vezes se
enraive com
quem não quer
buscar seus caminhos
Tantos preferem atalhos

Como explicar?

Ele liga o videogame e joga. Recorda-se dos primeiros anos e dos primeiros jogos e sorri. A sua infância tem um gosto doce e ele desce alegremente e sem se preocupar com a conveniência de pegar suas estradas para locais seguros. Está defronte ao Super Nintendo, ao Gameboy de tela verde, ao Playstation I. Os videogames o fazem feliz. A solidão o faz feliz. Ele olha com a atenção necessária os jogos, as pessoas e os espaços vazios. Observa a vida e a alegria. Cresce no peito do garoto uma vontade de ser maravilhoso.

O que
quer dizer com
ser maravilhoso?

Quem realmente sabe? Um dia o garoto apostará em si mesmo. Acreditará em sonhos, pessoas e amor. Acreditará nos exercícios físicos e na cafeína, nos contos, romances e rimas. Quem poderá desvendá-lo? Ninguém? Nunca? Ele escolhe suas companhias e se frustra quando sente que não pode optar pela solidão.

Às vezes
ele deseja
a solidão.

Entretanto, é consciente, pontual, exceto no que concerne a chegar nos horários marcados. Desafie-se, inverte cenas, faz o que duvidaram que tinha a capacidade de fazer.

Ficava
apavorado
em conversar
com mulheres.

Hoje é natural.

Sentia-se
muito alheio
Também bastante
feio, ainda que soubesse
que a verdadeira feiura
nunca seria estética
neste mundo vil.

Tornou-se expansivo. Mais do que antes, ele sempre anda por aí com alguns amigos e é amado. Tornou-se bonito também, ainda que não tenha se esquecido que a beleza verdadeira nunca seria a estética neste mundo vil. Revolve para dentro e deixa que os outros percebam o que ele já sabe. É bonito nos lugares que mais importam.

Ele quase
nunca dorme.

É que sua cabeça está sempre no dia seguinte e na luta. Não é fácil, mas segue firme em sua conduta e crê que pode vencer o mundo com calma e sem malandragem.

Essa
aposta
é maluca,
mas

Coragem!

Fecha os
olhos, pois
sabe que ainda
que a vida seja foda
ninguém dorme
de olhos abertos.

Anda para lá e para cá pensando em soluções que resolvam conflitos. Fracassa em aparecer com novas soluções e sufoca um grito. Não chora, não é pessoa assim tão sensível, mas reconhece que chegou a hora de dormir. Espera que pelo menos em sonhos não exista alguém franco e que não tenha a intenção de o ferir.

Boa
noite.


  • V

Publicado por

drpoesia

Escritor de hábitos relativamente saudáveis que gosta de escrever crônicas, poemas, contos e principalmente romances de ficção fantástica. Três livros prontos, porém, ainda sem publicação física. Trimestralmente faço o registro dos meus novos textos no Escritório dos Direitos Autorais. Tenho 27 anos de idade e sou formado em Direito. Creio no amor, embora o sinta meio ingrato neste ano. Só posso ser quem eu sou e é assim que vou continuar. Confio no mestre Leminski. "Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além". Se você continuou até aqui espero que conheça meu blog aqui na WordPress e que possa dar uma visitadinha nas minhas páginas de poesias no Instagram e no Facebook! Obrigado! Volte sempre!

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