Canto
desconhecendo a composição
Componho
desconhecendo a métrica
Pediram-me por um padrão
A contramão do instinto poeta
Querem me fazer de vilão
só por ter julgado a ideia tétrica
Não aceitei o trabalho
Descrevo-me, escrevo-me,
Sei do meu potencial
Quem sabe um dia você
Verá meu rosto na sua TV
Em um longo e chato comercial?
Não sei, mas não me regro
Não me fecho em contradições
Enraiveço-me quando me sinto cego
Outra vez me ergo rei das solidões
Conheço senhoras e ando por sertões
Desta vida conheço as veredas
Corro, ainda que
não me sinta apressado
Quando acordo meus
olhos fitam a escuridão
Encarcerados em um mundo
que chamo de passado
A vida é em frente
nem adianta temer
Melhor confiar no que se sente
E apostar na improvável chance
de vencer.