Quero existir longe.

Comece pelo fim
E faça do final a metade
do início
Encontro-me no
alto das coisas
no dia do solstício

Recite as sete palavras
Chama meu nome
Atenderei seu chamado

Ajoelha na beira do rio
Bebe a água da nascente
Responda as perguntas antigas
Cauteriza sangramentos abertos
Cuidado quando chamar de burro
um tipo distinto de sujeito esperto

Prostre-se como uma montanha
Desafie com os olhos ardentes
o mundo que te esqueceu
Nunca os esqueça como vingança

Ouça a voz do seu coração
Caminhe de volta até mim
Chamo teu nome
em um túnel escuro

Ouça a voz do meu coração
Caminho até você
Escuto o meu nome
em um túnel escuro

Encontro no breu
Dedos entrelaçados
Promessas novas

Corações distanciados
quando retomam o convívio
Esquecem cedo ou tarde
o que havia os separado
Nota final de alívio

Para que algo cresça
Regue suas plantas
Avenca, salgueiro, girassol,
Pequenas e grandes esperanças

Recebo teu abraço
Solto meu corpo na relva
Seu perfume supera o das flores
É mais fácil sobreviver na selva
do que encarar uma vida sem amores

Termino pela metade
Te vejo neste túnel sombrio
Ainda que não a perceba com os olhos

Estremeço com o som do silêncio
A sua respiração me salva
Como sobrevivi tanto tempo
rodeado por fantasmas?

Mergulho fundo no escuro
O bigodudo realizador de sonhos
está estilhaçado no chão

Medito sobre a morte sentado
no porão de mim mesmo

Medito sobre a vida sentado
na solidão sensorial da memória

Quero existir no Alto das coisas
Como se o paraíso fosse ser Longe e ver Longe
Pergunto-me sobre o que você quer

Quero gargalhar alto do que não se entende
na sala de cinema em um mundo sem pandemia

Quero me perdoar pelos equívocos e pelo luto
Rir sem amargura do que não se conserta
Quero ter orgulho da consciência óbvia
de que todo mundo erra

Fecho portas e fecho janelas
Não aguento mais sentir frio

Quero existir longe e no alto das coisas
tapar com o sol da minha essência
essas milhares de vozes no Vazio.

Publicado por

drpoesia

Escritor de hábitos relativamente saudáveis que gosta de escrever crônicas, poemas, contos e principalmente romances de ficção fantástica. Três livros prontos, porém, ainda sem publicação física. Trimestralmente faço o registro dos meus novos textos no Escritório dos Direitos Autorais. Tenho 27 anos de idade e sou formado em Direito. Creio no amor, embora o sinta meio ingrato neste ano. Só posso ser quem eu sou e é assim que vou continuar. Confio no mestre Leminski. "Isso de querer ser exatamente aquilo que a gente é ainda vai nos levar além". Se você continuou até aqui espero que conheça meu blog aqui na WordPress e que possa dar uma visitadinha nas minhas páginas de poesias no Instagram e no Facebook! Obrigado! Volte sempre!

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